O projeto Playgroups for Inclusion - Grupos Aprender, Brincar, Crescer (GABC) (Projeto financiado pela Comissão Europeia – PROGRESS (2007-2013) VP/2013/012/0577) foi uma experiência-piloto direcionada a crianças até aos 4 anos de idade que não frequentavam qualquer tipo de serviço educativo formal (creche ou jardim de infância), e respetivas famílias. As crianças e os seus respetivos cuidadores (ex. pai, mãe, avós, tios, primos, irmãos, etc) puderam usufruir gratuitamente deste serviço, em 5 distritos do país – Porto, Aveiro, Coimbra, Lisboa e Setúbal. Em cada distrito funcionaram um máximo de 10 grupos, compostos cada um deles por um máximo de 10 crianças e 10 cuidadores. Cada grupo foi dinamizado por duas monitoras, recrutadas preferencialmente das comunidades locais onde funcionaram estes grupos. Todas os monitoras receberam formação antes e durante o período de funcionamento dos GABC. O trabalho desenvolvido pelas monitoras foi supervisionado por 5 educadoras de infância, cada uma delas alocada a um dos distritos supracitados. Os grupos funcionaram em locais muito diversos, tais como, juntas de freguesia, escolas, centros de saúde, bibliotecas, centros comunitários, em espaços tanto públicos como privados, em sessões bissemanais, cada uma delas com a duração máxima de 2 horas, durante 10 meses.

Porquê um projeto piloto?

A fase piloto dos GABC permitiu monitorizar, avaliar impactos nas crianças e cuidadores e disseminar, no contexto português, uma nova resposta no âmbito dos serviços para a infância, já em funcionamento em países como a Austrália, Nova Zelândia, Inglaterra, Escócia, Irlanda, Holanda e EUA, denominada de Playgroups.

Quais foram os objetivos do projeto?

Esquema de Objetivos do Projeto

Porquê avaliar e monitorizar um projeto?

Sabe-se que os investimentos em políticas da educação de infância têm o maior retorno de todas as políticas educacionais (Cunha, Heckman, Lochner, & Masterov, 2006).

 

A avaliação experimental de respostas educativas é importante pois é a única forma de se saber o impacto verdadeiro (ou relação causa-efeito) do projeto GABC nos resultados das famílias participantes, ou seja, é a única forma de respondermos à questão: O programa funciona?

 

A avaliação da implementação (monitorização ou avaliação ongoing) também é igualmente importante, pois permite identificar que elementos afetam os impactos nas famílias (cuidadores e crianças), para melhorar as práticas e para informar as políticas públicas, ou seja, permite-nos responder à questão: Como é que o programa funciona?

Porque é importante avaliar investimentos na qualidade de respostas educativas de forma experimental?

Esquema de avaliação de investimentos

Os GABC foram o primeiro projeto a realizar uma avaliação experimental de uma política social no âmbito da educação em Portugal.

 

Os estudos de avaliação de impacto dos GABC (avaliação experimental) e de avaliação da sua implementação (monitorização) foram realizados sob a coordenação e supervisão científica da Universidade de Coimbra e do ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa. Uma equipa de investigadores recrutados especificamente para o projeto foram formados para aplicarem de forma rigorosa um conjunto de instrumentos nas áreas em avaliação.

A nossa equipa

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Para que serve a monitorização?

  • É crucial para perceber e melhorar os efeitos de uma intervenção.
  • Ajuda-nos a identificar que elementos da qualidade afetam os impactos nas familias (cuidadores e crianças), para melhorar as práticas e para informar as políticas públicas.

Como selecionamos as dimensões a avaliar e os mecanismos? Teoria da Mudança.

A Teoria da mudança (Weiss, 1995) é uma ferramenta de planeamento e ação que procura identificar:

  • as causas de uma situação sobre as quais se pretende agir de forma a provocar a mudança pretendida;

  • os mecanismos para promover essa mudança;

  • os domínios e subdomínios onde decorre essa mudança.

 

Depois de uma revisão de literatura extensa e de várias reuniões com os elementos da equipa de implementação dos GABC, a teoria da mudança final do projeto GABC apresenta-se assim:

Teoria da Mudança

Isto significa que:

  • A nível da intervenção, o consórcio GABC promoveu formação inicial e contínua  com a equipa de supervisoras e monitoras que dinamizaram as sessões dos GABC; estas ações com um carácter teórico-prático incidiram no desenvolvimento de temáticas como: estimulação pedagógica; brincar e aprendizagem e educação e diálogo intercultural.

  • Em termos de resultados, o consórcio GABC esperava, com base nas experiências de outros países, encontrar impactos positivos: ao nível do envolvimento e responsividade dos cuidadores; no desenvolvimento da criança por exemplo nas competências de realização e linguagem; nas atitudes relativamente à educação por exemplo na estimulação intelectual e acadêmica da criança; e maior participação dos cuidadores no mercado de trabalho.

  • Na ligação entre a intervenção que foi desenhada e os resultados pretendidos, o consórcio GABC assumia que GABC com maior qualidade (referindo-se aqui às características do ambiente e experiências das famílias e crianças que afetam o seu bem-estar) e com uma adesão regular das famílias (frequência em pelo menos metade das sessões previstas) teriam impactos positivos superiores.

 

Quem participou?

No estudo de avaliação de impacto (avaliação experimental) participaram 415 famílias. Estas foram sorteadas para um grupo dito de intervenção (famílias GABC, que participaram na Fase 1 do projeto, i.e. 10 meses) e um grupo designado como grupo de controlo (famílias que participaram na Fase 2 do projeto - 3 meses).

 

Na fase de pré-teste da avaliação de impacto participaram 415 famílias, das quais 257 famílias delas foram seguidas após um ano (fase de pós-teste). Estas famílias encontravam-se distribuídas pelos 5 distritos participantes.

 

Fases do Estudo piloto

 

Na amostra final  composta por 257 díades cuidador-criança:

  • Os/as cuidadores/as GABC tinham aproximadamente 35 anos em média e eram maioritariamente mulheres; 60% completou o ensino secundário; 12% apresentam um nível clínico de stress psicológico (Kessler et al., 2002).

 

Porcentagem de cuidadores por grau parentesco
  • Aproximadamente 61% dos cuidadores contactava com outras nacionalidades pelo menos uma vez por semana.

 

  • As famílias GABC tinham baixos níveis de empregabilidade, mas variações consideráveis entre distritos na elegibilidade reportada para RSI (licença de maternidade e de paternidade).

 

Estatísticas de empregabilidade dos cuidadores

 

  • As famílias da amostra parecem ter níveis de escolaridade mais elevados do que a média do município onde residem.

  • Na altura da avaliação inicial (pré-teste), as crianças GABC tinham em média 19 meses (entre 18 dias a aproximadamente 54 meses); 50% das crianças tinham menos de 17 meses. Aproximadamente 48% das crianças eram do sexo feminino.

 

Idade das crianças

 

No estudo da avaliação da implementação (monitorização) foram sorteados 13 grupos dos 35 existentes (pelo menos dois por distrito), o que incluiu um total de 103 famílias com crianças entre os 0-4 anos, 14 monitoras e cinco supervisoras.

Quem participou na monitorização?

Número de participantes por cargo

 

Quando se recolheu a informação?

 

Momento 1 (Pré-teste com todas as famílias)

(julho a novembro 2015)

Avaliação da qualidade do ambiente familiar e práticas parentais

Avaliação do desenvolvimento infantil da criança

Questionário sociodemográfico

Atitudes e expetativas dos cuidadores em relação à educação

Perceção dos cuidadores sobre o temperamento e comportamento da criança

Nível de participação socioprofissional;

 

Momento 2 (Primeira avaliação da monitorização com as famílias GABC)

(dezembro 2015 a Janeiro 2016)

Entrevistas em grupo (grupos focais) com cuidadores

Entrevistas individuais com cuidadores e supervisoras

Questionários mensais a monitoras (por exemplo, assiduidade famílias)

Avaliação da qualidade dos GABC (13 sessões completas foram filmadas)

 

Momento 3 (Segunda avaliação da monitorização com as famílias GABC)

(junho a julho 2016)

Entrevistas em grupo (grupos focais) com cuidadores

Entrevistas individuais com cuidadores e supervisoras

Questionários mensais a monitoras (por exemplo, assiduidade famílias)

Avaliação da qualidade dos GABC (13 sessões completas foram filmadas)

 

Métodos de recolha de informação

 

Momento 4 (Pós-teste realizado com 257 famílias)

(julho a novembro de 2016)

Avaliação da qualidade do ambiente familiar e práticas parentais

Avaliação do desenvolvimento infantil da criança

Questionário sociodemográfico

Atitudes e expetativas dos cuidadores em relação à educação

Perceção dos cuidadores sobre o temperamento e comportamento da criança

Nível de participação socioprofissional